Diga-me

Diga-me (Artane Inarde)

Diga-me por favor, eu imploro!
Diga que você não saberia me dar prazer…
Senão, o que será de mim? O que vou fazer?

Cada momento, meu amigo
Bate forte o pensamento
E já perdi as contas de
Quantas vezes fiquei tonta ou
Quantos versos escrevi…

Teu cheiro em mim, você comigo
É turbilhão, desejo, inundação
Diga-me por favor, eu te peço!
Perdi toda a noção do perigo…

Diga-me por favor, eu imploro!
Diga que você não saberia me dar prazer…
Senão, o que será de mim? O que vou fazer?

Corpo Estranho

Corpo Estranho (Artane Inarde)

Você não é um corpo estranho
Mas partículas, fragmentos,
Da poeira cósmica do
Meu espírito

Você não é um corpo estranho
Mas a essência da vida,
Da inapagável chama…
Do mais profundo desejo de meu coração

Você não é – e nem nunca será –
Um corpo estranho
Você é o grão de luz
Que eu semeei no campo,
No amor

Você não é um corpo estranho
É parte do meu âmago
Parte da terra, da água
Do ar, do fogo…
De todos os meus elementos.

Você não é um corpo estranho
É parte dos átomos desse Deus que Há em mim e eu já te amava
Quando você não era corpo algum…

Promessa

Promessa (Artane Inarde)

Você me faz mais bela e
Sua presença zomba do tempo
Fazendo ele acelerar…
Colore e alegra, compartilha e ri,
Conforta e resgata,
Mesmo das sombras mais frias…

Seus braços me cercam
Com o calor e o aconchego do lar
E você me des-monta assim
Como quebra-cabeça
Às vezes só de ouvir
O lindo som da tua voz

Teu abraço, teu colo
No silêncio ou na melodia,
Na poesia
Coração que pulsa
Apressadamente

E, para mim, cumprir
Aquela promessa…
É difícil, difícil demais
E, para mim, cumprir
Aquela promessa,
É só porque te amo demais.

Contentamento

Contentamento (Artane Inarde)

Eu sou a alegria
Eu sou a música
O ritmo, a melodia
A simplicidade
O abraço, o sorriso
A cumplicidade
Os olhos da criança
O colo, o carinho
Eu sou o riso…
O singelo, o comum
Que de ordinário
Nada tem
Eu sou a beleza
De tudo e de coisa
Alguma
Eu sou a cara lavada
O encardido avental
O cabelo amarrotado
Eu sou a linda melodia
Cantada a dois
Com uma só voz
O céu azul e as folhas
Do alecrim e da pimemteira
Eu não tenho motivos
Nem explicação
Eu não tenho razão
Estou dentro de você
E lá fora no vento
Eu sou contentamento

Eu sou o sexo

Eu sou o sexo (Artane Inarde)

O que você pensa que você é?
Eu sou o sexo
O desejo, o prazer
Eu sou o gozo
Os espasmos, os orgasmos
Eu sou o êxtase
Eu sou o calor
A vastidão, a combustão,
Eu sou tudo aquilo
Que arde…
Consome e alimenta
Eu sou o sagrado e
O profano, a água e
O fogo, eu sou o
Insano e a lucidez
Eu sou algo de muito
Errado ou certo…
Eu sou o sexo

Espinhos

Espinhos (Artane Inarde)

Deixei de desfrutar o alimento
Porque ele tinha espinhos
Lembrei-me então…
Que as melhores coisas da vida
Tem espinhos
A rosa tem espinhos
O peixe tem espinhos
Os caminhos da vida
Tem as belezas do crepúsculo
Mas tem espinhos…
As trilhas para o sucesso
Tem espinhos
O amor em toda sua grandeza
Tem espinhos
A maternidade, em toda sua sagrada magia
Tem espinhos
Quantas coisas deixei de desfrutar
Por medo dos espinhos?
Não há como fugir dos espinhos da vida
Sem deixar irremediavelmente
De viver.

Costela Quebrada

Costela Quebrada (Artane Inarde)

Cheguei neste lugar
Vinda de lugar nenhum
Desconhecia todas as coisas da vida
Não sabia nem mesmo respirar
Logo sofri um acidente
E passei a sentir intensa dor e medo
Uma grande dor no meu peito…
Que eu não compreendia
Não tinha ideia do que fosse
Não podia sequer me expressar
Tudo o que eu sabia fazer
Tudo o que eu podia fazer
Era chorar
E chorei…
De dor e de medo
Dia e noite
Por duas semanas
Foi assim que nasci
Uma costela quebrada
Muita dor e medo.

Tatuagem

Tatuagem (Artane Inarde)

Letras, cores, retratos
Atrás das lentes, olhos
Tímidos, no princípio
Devassadores também
Um quê de lucidez e
Tristeza talvez…
Pretos, cinzas, foscos
Estranha e monocromática,
Tua pele clara, bela e sutil
Dá vontade de provar
Seu tom irreverente,
Gostoso e inteligente
Seu jeans rasgado
Você é puro mistério,
Tatuagem…

Poesias fresquinhas, porém antigas…

Escrever (Artane Inarde)

Estou sufocando de tanto desejo
Oceano que eu não posso saciar
Queria chorar, gritar e espernear
Mas nesse momento torturante
Minha poesia é tudo o que tenho

Estou consumindo por dentro
Pensamentos, louco turbilhão
Suas mãos nos meus cabelos
Minha pele quer se unir a você
E trair tudo em que acredito…

Queria tanto poder escrever -com
Minha tinta molhada no seu corpo
Gemer o quanto te quero, desejo
Mas não posso trair nem mentir
Para alimentar um fogo passageiro
Mundo real, só me resta fugir…